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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Vacina contra dengue tem aprovação de comissão de biossegurança


Produto desenvolvido pela Sanofi Pasteur foi aprovado pela CTNBio.
Empresa ainda aguarda análise da Anvisa, que ocorre paralelamente.

  Criança recebe vacina contra dengue da Sanofi em estudo clínico de fase 2 nas Filipinas, em junho de 2014    (Foto: Sanofi Pasteur/Gabriel Pagcaliwagan/Divulgação)
Criança recebe vacina contra dengue da Sanofi em estudo clínico de fase 2 nas Filipinas, em junho de 2014 (Foto: Sanofi Pasteur/Gabriel Pagcaliwagan/Divulgação)

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou, nesta quinta-feira (8), a liberação comercial da vacina contra dengue desenvolvida pela farmacêutica Sanofi Pasteur. Esta é uma das autorizações necessárias para que o produto seja lançado no Brasil. A empresa ainda aguarda a concessão do registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que está analisando os documentos que foram apresentados pela farmacêutica em março.
A vacina teve de ser submetida à avaliação da CTNBio porque contém organismos geneticamente modificados (OGMs): ela combina o vírus da febre amarela com a parte dos vírus da dengue que provoca a resposta imune em quem recebe a vacina.
A comissão avaliou o produto apenas no que se refere à sua biossegurança. Esta foi a primeira vez que a comissão aprovou a liberação comercial de uma vacina desse tipo para humanos. O pedido de aprovação da vacina foi submetido à CTNBio em junho e tramitou em regime de urgência.
De acordo com a médica Sheila Homsani, gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur, a conclusão da análise da vacina pela Anvisa é esperada para o fim do ano ou início do ano que vem. O produto já foi submetido à análise de órgãos regulatórios de 20 países, segundo Sheila.
Eficácia contra dengue
Estudos clínicos demonstraram que a vacina foi capaz de reduzir em 60,8% o número de casos de dengue em um estudo que envolveu quase 21 mil crianças e adolescentes da América Latina e Caribe. Em outro estudo, feito com mais de 10 mil voluntários da Ásia, a vacina conseguiu reduzir em 56% o número de casos da doença.
Outro estudo, feito a partir de uma análise combinada dos testes clínicos na Ásia e na América Latina, concluiu que a vacina é mais eficaz a partir dos 9 anos de idade. A partir dessa faixa etária, a vacina é capaz de proteger 66% dos indivíduos contra a dengue.
Mortes por dengue batem recorde
Nos oito primeiros meses de 2015, o número de mortes causadas pela dengue no país foi de 693, e já constitui o maior índice anual desde que a doença começou a ser monitorada em detalhes, em 1990. O recorde anterior havia sido atingido em 2013, com 674 mortes.
Em 2015, foram registrados 1.416.179 casos prováveis de dengue no país (casos notificados com exceção dos descartados) até 29 de agosto. A incidência média da doença até agora para 2015 no país é de 699 casos por 100 mil habitantes. O número de casos de dengue até o fim de agosto quase ultrapassou o recorde registrado em 2013, quando o país teve 1.452.489 ocorrências da doença.
  
Ainda não há vacina contra dengue aprovada.
Até o momento, não existe nenhuma vacina contra dengue aprovada no mundo. A vacina da Sanofi Pasteur é a que está em fase mais adiantada. Os documentos para registro do produto foram submetidos à Anvisa em março e a expectativa é que a agência conclua a análise até o fim do ano.
Mas existem outras iniciativas de desenvolvimento da imunização contra a dengue, inclusive por instituições brasileiras. O Instituto Butantan, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), desenvolve um desses projetos. A CTNBio já aprovou, em agosto, a realização de testes clínicos de fase 3 com esta vacina.
Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está envolvida em dois projetos. A farmacêutica japonesa Takeda também está na corrida pelo desenvolvimento de uma vacina contra dengue.

FEIRA DE CIÊNCIAS NO CIEP 057 NILO PEÇANHA, EM CAMPOS. NÓS ESTIVEMOS LÁ!

Olá
hoje pela manhã participamos da Feira de Ciências do CIEP 057 Nilo Peçanha, o CIEP da Lapa, em Campos dos Goytacazes, RJ.Crianças de todas as idades estiveram na Tenda do Mosquito e puderam discutir sobre as doenças que o Aedes aegypti transmite, entre elas a Dengue, a Zika e a Chikungunya, entre outras.




domingo, 11 de outubro de 2015

Mortes por dengue no país chegam a 693 e batem recorde antecipadamente

06/10/2015 10h46 - Atualizado em 06/10/2015 14h56


Óbitos registrados em oito meses de 2015 já superam marca anual de 2013.  

Com 1.516 casos por 100 mil habitantes, São Paulo é estado mais atingido.


Jovem de 20 a 40 anos são os mais acometidos pela doença, assim como as mulheres (Foto: (Foto: Roosevelt Cassio/Reuters))

Pacientes com suspeita de dengue aguardam atendimento em clínica (Foto: Roosevelt Cassio/Reuters) 

Nos oito primeiros meses do ano, o número de mortes causadas pela dengue no país em 2015 foi de 693, e já constitui o maior índice anual desde que a doença começou a ser monitorada em detalhes, em 1990. O recorde anterior havia sido atingido em 2013, com 674 mortes.
Incidência da Dengue no Brasil 2015 janeiro a agosto 2015 (Foto: MS/SVS)
"Foram confirmados 693 óbitos por dengue, o que representa um aumento no país de 70% em comparação com o mesmo período de 2014, quando foram confirmados 407 óbitos", afirma um boletim emitido pela Secretaria de Vigilância Sanitária ligada ao Ministério da Saúde.

"A região Sudeste concentra 68,5% dos óbitos do país, com o maior número de óbitos registrados no estado de São Paulo", afirma o documento. São Paulo teve 1.516 casos por grupo de 100 mil habitantes registrados até agora, e perde em incidência relativa apenas para Goiás (1.979 casos/100 mil hab.). 
Mais de 1,4 milhão de casos. Em 2015, foram registrados 1.416.179 casos prováveis de dengue no país (casos notificados com exceção dos descartados) até 29 de agosto. A incidência média da doença até agora para 2015 no país é de 699 casos por 100 mil habitantes.
O número de casos de dengue até o fim de agosto quase ultrapassou o recorde registrado em 2013, quando o país teve 1.452.489 ocorrências da doença.
Em nota, o Ministério da Saúde observa que manteve, durante todo o ano, sem interrupção, as ações para controle da dengue. "Entre medidas, citamos, como exemplo, a realização de curso online para profissionais de saúde, a atualização dos planos de contingência, visitas técnicas de monitoramento e discussão conjunta do manejo clínico de atenção à doença, além de campanhas de conscientização", afirma a pasta.

Número de casos prováveis de dengue no Brasil em 2015, de janeiro a agosto (Foto: Ministério da Saúde/SVS)Número de casos prováveis de dengue em 2015, de janeiro a agosto (Dados: Ministério da Saúde/SVS)

El Niño pode levar a epidemias de dengue em grande escala, diz estudo

05/10/2015 19h21 - Atualizado em 05/10/2015 19h22

Casos de dengue na Ásia aumentaram junto com aquecimento do oceano.
Cientista diz que temperaturas altas criam condições ideais para epidemia.

Aedes aegypti, que transmite dengue e chikungunya, também pode transmitir o zika vírus (Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP)
Aedes aegypti, transmissor da dengue: altas temperaturas relacionadas ao fenômeno El Niño podem estar estimulando a proliferação do mosquito (Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP)

     O fenômeno climático conhecido como El Niño pode desatar uma epidemia de dengue em grande escala no sudeste da Ásia - informaram pesquisadores internacionais nesta segunda-feira (5).
Verificou-se que os casos de dengue aumentaram no mesmo passo que a tendência de aquecimento dos oceanos, o que ocorre em alguns anos, mas não todos. Espera-se que a corrente do El Niño, que já começou e vai durar até o próximo ano, seja uma das mais intensas dos últimos 20 anos.
     "As grandes epidemias de dengue ocorrem sem aviso prévio, o que pode sobrecarregar os sistemas de saúde pública", disse o principal autor do estudo, Willem Van Panhuis, professor assistente de epidemiologia da escola de saúde pública da universidade de Pittsburgh.
     "Nossas análises mostraram que as temperaturas elevadas podem criar as condições ideais para que uma epidemia de dengue de larga escala se propague".
     Os pesquisadores analisaram 18 anos de relatórios sobre a dengue no sudeste asiático, segundo o estudo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS). A tendência foi observada no total de 3,5 milhões de casos reportados em oito países.
Altas temperaturas e proliferação do mosquito

     Durante a última temporada particularmente forte do El Niño, que foi de 1997 a 1998, "a transmissão da dengue foi muito alta e coincidiu perfeitamente com as altas temperaturas, que permitiram que os mosquitos se reproduzissem mais rápido e propagassem o vírus da dengue com mais eficácia", afirmou o estudo.
     As altas temperaturas nas regiões tropicais e subtropicais foram provocadas pelo El Niño.
     A dengue, causada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, é responsável por cerca de 400 milhões de infecções ao ano. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência mundial da dengue aumentou dramaticamente nas últimas décadas e agora metade da população mundial está em risco.

Campos, RJ, soma 2.618 casos confirmados de dengue em 2015.


Foram 116 registros em apenas uma semana.
Do total, 10 são de dengue grave.


Novo mutirão acontece a partir desta segunda-feira (3), em Campos (Foto: Divulgação/Prefeitura de Campos)
Na terça-feira passada, dia 15, o município registrou 2.502 casos da doença
(Foto: Divulgação/Prefeitura de Campos)




Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, já soma 2.618 casos de dengue, incluindo pacientes de outras cidades atendidos nas unidades de saúde do município. São 116 casos a mais, comparando com os dados divulgados no dia 15 de setembro, quando a cidade havia registrado 2.502. De acordo com a Secretaria de Saúde de Campos, do total, 10 são de dengue grave.

Em 2014 foram registrados apenas 54 casos da doença. No ano de 2015, a Prefeitura confirma um óbito por dengue e dois casos de chikungunya diagnosticados. As vítimas de chikungunya contraíram a doença no estado da Bahia durante uma viagem a municípios próximos à Vitória da Conquista, que lidera os registros de notificações no país. 

 A Organização Mundial da Saúde considera comportamento epidêmico a partir de 300 casos para cada 100 mil habitantes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Campos atualmente tem cerca de 480 mil habitantes, o que coloca a cidade em situação de endemia. O Secretaria Estadual de Saúde não confirma o quadro.

Fonte:

domingo, 5 de julho de 2015

Os novos comprimidos que combatem a dengue.

mosquito
Feito com a bactéria BTI, o comprimido é dissolvido na água em que os insetos se desenvolvem e, em dois dias, é capaz de eliminar todas as larvas(Thinkstock/VEJA)

Um simples comprimido, do tamanho de um AAS infantil, pode ser a mais nova e eficaz estratégia de combate à dengue. Feito com a bactéria BTI (Bacillus thuringiensis), que parasita e mata as larvas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da doença, ele é dissolvido na água em que os insetos se desenvolvem e funciona como um poderoso assassino: em dois dias, é capaz de eliminar todos os bichos. Totalmente desenvolvido em laboratórios brasileiros, passou por pelo menos oito anos de pesquisas e testes. Em fase de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o bioinseticida pode ser um forte aliado às estratégias de combate não só da dengue, mas também da chikungunya e da zika, também transmitidas pelo mosquito. O site de VEJA teve acesso com exclusividade a detalhes do projeto.
Assim como o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue, matar o inseto é uma das melhores estratégias para tentar acabar com a doença. Isso porque o Aedes foi moldado pela evolução para ser um inseto urbano, hábil e muito competente para carregar o vírus, transmitindo-o a até 390 milhões de pessoas anualmente, em todo o mundo. No Brasil, foram mais de 1 milhão de casos notificados neste ano, de acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde. Até o fim de maio, 377 pessoas morreram de dengue no país, um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Sem vacina ou tratamento 100% eficaz até agora, a única solução é controlar o mosquito. Por isso, eliminá-lo antes que se torne um adulto capaz de infectar os humanos é uma excelente alternativa.
A fórmula dos comprimidos, concebida na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e produzida pela BR3, empresa do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) da Universidade de São Paulo (USP), tem a vantagem de conseguir driblar a resistência do mosquito, um mecanismo muito importante de sua sobrevivência. Um dos maiores problemas de inseticidas e larvicidas é que eles agem selecionando as populações de insetos que têm genes potentes o suficiente para não serem afetados pelo veneno. Assim, ao longo das gerações, apenas os mosquitos mais fortes sobrevivem e passam seu DNA adiante. Os que ficam são insetos nos quais os inseticidas não fazem efeito.
A bactéria BTI, contudo, é capaz de produzir não uma, mas várias toxinas que afetam o mosquito. A combinação desses venenos é o que impede esse mecanismo de seleção. O inseto não é capaz de criar mutações que combatam todos eles ao mesmo tempo. Por isso, o micro-organismo é usado no combate a vetores há cerca de trinta anos. No entanto, grande parte das fórmulas tem pouca durabilidade ou um preço elevado. O grande salto dado pelos pesquisadores brasileiros foi conseguir criar um comprimido que, uma vez misturado na água, permanece ativo por até dez semanas. Além disso, a bactéria é inofensiva para seres humanos, animais domésticos e plantas. O larvicida é até indicado para ser usado na tina de água de gatos e cachorros.
"Estamos perdendo a guerra contra o mosquito. Mas o novo bioinseticida é uma arma que oferece sustentabilidade, segurança e praticidade. É fácil de ser usado pela população e tem grande durabilidade", explica o engenheiro Rodrigo Perez, diretor da BR3. Assim que o produto receber a liberação da Anvisa, a empresa é capaz de produzir 200.000 comprimidos mensais, que podem ser usados em estratégias públicas e particulares de controle da dengue.
Contra o mosquito - Além do ataque às larvas, os pesquisadores também investem em mosquitos modificados, incapazes de transmitir a doença. A última descoberta, feita por pesquisadores americanos, mostrou que é possível "trocar" o sexo dos mosquitos e, provavelmente, impedi-los de transmitir a doença - apenas as fêmeas picam e inoculam o vírus em humanos. Os cientistas identificaram o gene responsável pela determinação do sexo nos mosquitos e agora tentam transformar as fêmeas em inofensivos mosquitos machos.
Outro método, desenvolvido na Fiocruz, consiste em soltar mosquitos Aedes que contém a bactéria Wolbachia, que os impede de transmitir o vírus da doença. Essa bactéria, que sobrevive no organismo da maior parte dos insetos, não existe naturalmente no Aedes e, de acordo com os cientistas, não causa efeito no corpo humano. No entanto, no organismo do Aedes, ela barra a infecção. A ideia dos pesquisadores é substituir a população de mosquitos do tipo pelos insetos infectados - o que reduziria drasticamente os casos de dengue.
Uma terceira estratégia é o uso de mosquitos transgênicos. Produzidos por empresas de biotecnologia, como a brasileira Moscamed e a britânica Oxitec, esses mosquitos machos, ao copularem com as fêmeas, geram descendentes incapazes de chegar à idade adulta. Assim, eles não transmitiriam a doença. A proposta é que a quantidade de mosquitos seja reduzida nos locais onde esses machos são soltos. De acordo com um pesquisa publicada nesta quinta-feira no periódico PLOS Neglected Tropical Diseases, a redução da população de mosquitos na cidade de Juazeiro, na Bahia, foi de mais de 90%, em consequência da aplicação desse método.
Vacina - Por enquanto, não há vacina capaz de combater com eficácia todos os quatro subtipos da dengue. Mas pesquisadores dos Estados Unidos e de Cingapura descobriram que um anticorpo humano específico para o subtipo 2 da doença pode proteger ratos da forma grave do vírus. O trabalho, publicado esta semana na revista Science, sugere que esse anticorpo pode ser usado na produção de vacinas que combatam a doença em humanos.
O trabalho é importante pois a grande preocupação dos cientistas ao desenvolver uma vacina é eliminar a versão mortal da dengue, que surge principalmente na segunda ou terceira infecções. Isso acontece porque alguém que tem a doença pela primeira vez desenvolve células de defesa contra a doença. Se acontecer de ser picada pelo mosquito uma segunda vez, infectado por outro sorotipo, o novo vírus que entra no organismo consegue se colar aos anticorpos criados pela primeira infecção. Assim, o anticorpo funciona como um cavalo de Tróia, levando o vírus para dentro do sistema imune: a dupla entra com facilidade nas células imunológicas, que reconhecem o vírus como sendo uma célula de defesa. O parasita se multiplica rapidamente no organismo, e essa velocidade pode levar à morte.
Já há algumas vacinas sendo criadas por laboratórios farmacêuticos e institutos de pesquisa internacionais. As mais avançadas são as do Sanofi Pasteur, que está em desenvolvimento há cerca de vinte anos, e a do Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com o americano National Institutes of Health (NIH, na sigla em inglês). Outras vacinas estão sendo feitas pelo GlaxoSmithKline, em conjunto com a Fiocruz, pela Takeda Pharma e pela americana Merck.
FONTE: Veja


Dengue: por que é tão difícil exterminar a doença?

Mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue visto na região da Lapa, zona oeste de São Paulo (SP) - (23/04/2014)
Além de combinar uma doença de biologia difícil, os elementos do atraso na erradicação da dengue incluem aspectos sociais e culturais, além do baixo investimento em pesquisas.(André Lucas Almeida/Futura Press/VEJA)

Em todo o mundo, os números da dengue se multiplicaram nos últimos 50 anos. A doença infecta 100 milhões de pessoas anualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em ciclos epidêmicos. Este ano, o Brasil viu seu número de casos triplicar. Eles aumentaram em todas as regiões: há 224.101 casos notificados, ante os 85.401 que surgiram entre janeiro e março de 2014. A Região Sudeste, especialmente São Paulo, é a líder. O estado contabiliza 585 casos por 100.000 habitantes, quase o dobro do patamar usado para caracterizar uma situação de epidemia, que é de 300 casos por 100 000 habitantes. Se os números continuarem crescendo em abril, mês historicamente preferido pela doença para fazer suas vítimas, 2015 tem tudo para ser o ano em que o Brasil verá uma epidemia histórica de dengue.
Desde que o vírus foi isolado pelo cientista polonês radicado nos Estados Unidos Albert Sabin, durante a II Guerra Mundial, ele dribla a ciência. Até hoje não há vacina e tratamento. O único método de combate é tentar matar o mosquito. Combate-se a dengue da mesma maneira que nos anos 1950. As armas contra a doença que pode levar à morte em sua forma grave são inseticidas, repelentes e a eliminação dos criadouros do Aedes aegypti, mosquito que carrega o vírus.
"Essa é não é uma doença de solução fácil. Há uma combinação entre um vírus hábil, um mosquito extremamente adaptado e estratégias públicas de combate e prevenção que não são constantes e, por isso, não funcionam", explica o infectologista Celso Francisco Granato, chefe do laboratório de virologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os elementos do atraso na erradicação da dengue incluem também aspectos sociais e culturais, além do baixo investimento em pesquisas. Enfrentando esses aspectos, os cientistas têm feito o que podem. Uma vacina para o vírus complexo deve surgir nos próximos anos e os pesquisadores estão criando mosquitos capazes de impedir o parasita de se multiplicar. Se conseguirem, vão derrubar um inimigo histórico, beneficiando cerca de 2,5 bilhões de pessoas, ou dois quintos da população mundial que, atualmente, vivem em áreas de transmissão da doença.
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Vírus viajante - A primeira menção a uma doença semelhante à dengue está em uma enciclopédia chinesa de 992. Os estudos indicam que o vírus se desenvolveu no Sudeste da Ásia e se espalhou pelo mundo nos séculos XVIII e XIX junto com os navios que transportavam produtos pelos oceanos. Tanto o vírus, que faz parte da família Flavivírus (o mesmo da febre amarela e da hepatite C), quanto os mosquitos que o carregam, o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, chegaram a diversos países tropicais, causando grandes epidemias. O Aedes aegypti teve mais sorte que seu correspondente silvestre e conseguiu se adaptar com sucesso ao ambiente urbano. Novos surtos voltaram a aparecer com força após a II Guerra Mundial, quando as cidades cresceram exponencialmente e as viagens se tornaram mais comuns.
Nesse período foram registrados os primeiros casos de dengue grave, que causa hemorragia e pode levar à morte. Foi também o momento em que o vírus foi isolado por Sabin e começou a ser estudado. Descobriu-se que ele havia sofrido mutações durante seu desenvolvimento ao redor do globo e não era um, mas quatro. São os chamados quatro sorotipos, que vão de DEN-1 a DEN-4.
"Na época, achava-se que as grandes diferenças ocorriam entre os sorotipos. No entanto, com as pesquisas em biologia molecular, verificou-se que isso era uma gigantesca simplificação. A análise genética do vírus, por volta dos anos 1980, mostrou que, em cada sorotipo há vírus que são tão diferentes como o homem e o chimpanzé. A dengue é feita de muitos de vírus diferentes", diz Granato.
Doença esperta - Além dessa imensa variação entre os genes da doença, outra característica incomum do vírus é sua capacidade de se tornar mais agressivo na segunda ou terceira infecções. Isso acontece porque ele consegue se ligar aos anticorpos do organismo e "enganar" o sistema imunológico. Uma pessoa que tem dengue pela primeira vez desenvolve células de defesa contra a doença. Se acontecer de ser picada pelo mosquito uma segunda vez, infectado por outro sorotipo, o novo vírus que entra no organismo consegue se colar aos anticorpos criados pela primeira infecção. Assim, o anticorpo funciona como um cavalo de Tróia, levando o vírus para dentro do sistema imune: a dupla entra com facilidade nas células imunológicas, que reconhecem o vírus como sendo uma célula de defesa. Desse modo, o parasita se multiplica rapidamente no organismo.
De acordo com estimativas dos médicos, na primeira vez que alguém tem dengue, apenas três em cada 1 000 pessoas terão a forma grave. O número aumenta para três em cada 100 na segunda infecção e para seis em cada 100 na terceira. "Na quarta vez, há um risco de 10% de que a forma grave se desenvolva", explica Granato. "Não estamos acostumados a lidar com um vírus assim. Não há nenhuma outra doença que tenha esse modo de ação."
Parasita sem barreiras - É também por esse motivo que ainda não existe no mercado uma vacina que proteja contra a doença. Além de ser capaz de fazer o corpo humano desenvolver anticorpos contra os quatro sorotipos, a vacina também deve oferecer alta proteção. Do contrário, ao menos teoricamente, ela pode promover a incidência da forma grave. Afinal, o objetivo das vacinas é fazer com que o corpo produza anticorpos capazes de combater uma provável infecção. No caso da dengue, sua capacidade de fazer os anticorpos se ligarem ao vírus faz com que, se não houver anticorpos contra os quatro sorotipos, a probabilidade do desenvolvimento da forma grave, que pode levar à morte, seja multiplicada.
"Por isso, uma vacina aceitável contra a dengue deve ser, obrigatoriamente, tetravalente", explica o infectologista Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. "Ela não combate um, mas muitos vírus e esse é um dos motivos que dificultou o desenvolvimento das vacinas contra a doença até hoje."
A criação de uma vacina atrasou, de acordo com os especialistas, porque a dengue carrega o estigma de ser doença de países pobres. Atingindo principalmente regiões tropicais, muito populosas e com saneamento e urbanização precárias, os investimentos em pesquisas de estratégias de combate demoraram a chegar.
Isso ajudou a incidência da doença a crescer. A grande adaptação do vírus e de seu mosquito levaram a dengue a chegar sem barreiras a lugares cada vez mais frios e mais altos. Um grande surto atingiu Cingapura, em 2004, e em 2013, chegou à Flórida, no Sul dos Estados Unidos, e à França. No ano passado, foi a vez do Japão, que não tinha casos recentes da doença.
Vacinas promissoras - Com isso, nos últimos anos, diversas equipes de pesquisa, financiadas principalmente pelos governos americano e europeus, decidiram buscar uma solução para o problema. Kallás é um dos principais pesquisadores envolvidos nas pesquisas de uma vacina contra a dengue que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantã em parceria com o National Institutes of Health (NIH, na sigla em inglês).
Os primeiros resultados dos testes desse imunizante, em estudo há quase de dez anos, indicam uma alta capacidade de proteção, que vai de 85% a 90%, com uma única dose. Ainda são necessários os testes da fase III, que poderão comprovar essas conclusões em um grande número de pessoas acompanhadas por, no mínimo, um ano, mas a equipe de cientistas acredita que, a partir de 2017, ela pode ser uma boa opção para combater a doença.
Outra vacina promissora é a desenvolvida pelo laboratório Sanofi Pasteur, a mais avançada em todo o mundo. As pesquisas da fase III foram finalizadas e, de acordo com a empresa, o imunizante deve ser lançado entre o fim deste ano e o início de 2016. Ela protege contra a doença em 60,8% dos casos, evitando mais de 70% dos casos de dengue tipo 3 e 4, e menos de 50% das infecções por dengue tipo 1 e 2. De acordo com os estudos, ela é capaz de reduzir em até 80% o risco de hospitalização causada por complicações da dengue e diminui em 95% os casos graves da doença. Para oferecer a proteção completa, são necessárias três doses, com intervalo de seis meses entre elas.
"Ainda não temos nenhuma vacina que ofereça o número mágico de proteção de mais de 80% contra todos os subtipos. No entanto, um imunizante assim é altamente factível e é a forma mais eficaz de combate contra a doença. Se houver um investimento contínuo em pesquisa, ela poderá ser feita em um futuro próximo. O benefício de um projeto como esse, para todo o mundo, é imensurável", diz Kallás.
Mosquito hábil - Para atingir a tantas pessoas, além de se multiplicar em vários sorotipos diferentes, o vírus da dengue também foi capaz de se adaptar tanto ao homem quando ao mosquito Aedes aegypti. Sua estratégia evolutiva permitiu que ele conseguisse sobreviver tanto em um mamífero quanto em um inseto - animais com biologias muito diversas. Mais que isso, a opção pelo Aedes se mostrou um sucesso para sua reprodução. Esse mosquito é extremamente adaptado aos ambientes urbanos. Ao longo dos séculos, suas fêmeas aprenderam a colocar ovos apenas em ambientes artificiais que retêm água, como calhas, caixas d'água ou pneus. Em ambientes silvestres, o Aedes aegypti não se reproduz. Ele jamais colocará seus ovos em poças d'água naturais.
Além disso, seus ovos adquiriam uma resistência incomum, capazes de sobreviver por meses (mesmo sem água). Essa característica faz com que eles possam viajar, espalhando-se por diversas regiões sem sofrer grande impacto, e também resistam ao tempo. Os ovos de um ano conseguem eclodir no ano seguinte, colaborando para as epidemias. Por isso, os surtos de dengue costumam acontecem em intervalos. Os ovos colocados em um verão com pouca incidência da doença podem dar origem a diversos mosquitos que infectarão um grande número de pessoas na estação do ano seguinte.
A fêmea do Aedes aprendeu a não colocar todos os seus ovos em um só lugar. Ela os separa, garantindo assim, que alguma porção sobreviva, assim que a chuva vier. "Esse é um mosquito oportunista, que vai encontrar maneiras de se reproduzir mesmo em ambientes difíceis", explica a bióloga Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. "Ele é capaz de ficar em casa, esperando a hora de você chegar, mesmo que seja à noite. E soube como, rapidamente, criar resistência aos inseticidas mais utilizados e aos repelentes, sobrevivendo a eles. Além disso, seu ciclo de vida é curto, de até dez dias, o que faz que sempre haja novas populações nascendo."
A evolução ensinou também o Aedes a picar durante o dia, eliminando a concorrência de pernilongos ou borrachudos. Em qualquer hora do dia, um Aedes pode sugar o sangue humano e transmitir a dengue.
Controle tecnológico - Esse inseto astuto, que desenvolveu uma série de mecanismos evolutivos para sobreviver, tem escapado de todas as táticas de prevenção e controle da doença. As únicas estratégias de combate contra a dengue indicadas pela OMS são o uso de telas em janelas e portas, a supressão ou proteção de reservatórios de água que funcionam como criadouros e o uso de inseticidas. Até hoje, elas não erradicaram o mosquito, que vem se reproduzindo com velocidade alarmante ao redor do planeta.
"Os altos números da dengue mostram claramente que as estratégias de combate não estão funcionando. O mais absurdo é que permitimos a reprodução desse mosquito extremamente adaptado ao ambiente urbano e ao ser humano e difícil de combater. É como se estivéssemos criando Aedes no quintal", diz o biólogo Paulo Ribolla, professor do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu e um dos maiores especialistas no mosquito no Brasil. "É loucura pensar que repelentes e inseticidas poderão combater esse mosquito. Por isso, o melhor é investir em acabar com os criadouros."
Nesse sentido, duas opções estão sendo testadas por pesquisadores. Uma delas veio da Austrália e está sendo desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro. O programa de pesquisa internacional consiste em soltar mosquitos Aedes que contém a bactéria Wolbachia, que os impede de transmitir o vírus da dengue. Essa bactéria, que sobrevive no organismo da maior parte dos insetos, não existe naturalmente no Aedes e, de acordo com os cientistas, não causa nenhum efeito no corpo humano. No entanto, no organismo do Aedes, ela barra a infecção pela dengue. A ideia dos pesquisadores é substituir toda a população de mosquitos pelos insetos infectados - o que reduziria os casos de dengue.
Outra estratégia, que foi proposta para combater a dengue em São Paulo, é o uso de mosquitos transgênicos. Produzidos por empresas de biotecnologia, como a brasileira Moscamed ou a britânica Oxitec, esses mosquitos machos, ao copularem com as fêmeas, geram descendentes incapazes de chegar à idade adulta. Assim, eles não transmitiriam a doença. A proposta é que a quantidade de mosquitos seja reduzida nos locais onde esses machos são soltos. O único inconveniente é que, até isso aconteça, é preciso soltar muitos mosquitos no ambiente.
Essas estratégias buscam ludibriar o inseto e impedir que a dengue seja exterminada na base de mata-moscas e tampas de caixa d´água. "Não podemos lutar contra um mosquito e um vírus tão desafiadores com medidas simples e intermitentes. Eles aprenderam a estar conosco e são muito eficientes nisso. Por essa razão, a dengue só será erradicada com investimento em pesquisa e em programas sérios de saúde e educação pública, que envolvam todos os setores da sociedade. Sem isso, seremos obrigados a conviver com essa doença ainda por um longo tempo", diz Ribolla.

FONTE: Veja

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Dúvidas (clássicas) sobre a Dengue.

Por que ter dengue pela segunda vez é mais perigoso?



Como a dengue é transmitida?

O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. O inseto, se infectado, introduz o vírus no sangue humano. O Aedes aegypti contaminado é capaz de passar a doença para tantas pessoas quanto ele picar.


Em qual parte do dia o mosquito pica mais?

Segundo Ésper Kallás, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, o mosquito transmissor da dengue tem o hábito de picar com mais frequência no início da manhã e no final da tarde, mas isso não quer dizer que uma pessoa não possa ser picada em outros períodos do dia.


É possível ser picado mesmo com roupa?

"O mosquito que transmite a dengue consegue picar uma pessoa mesmo se ela está vestida – a não ser que a roupa seja muito grossa, como uma blusa de lã", explica a infectologista Thaís Guimarães, da Sociedade Brasileira de Infectologia.


Todos que são picados desenvolvem a doença?

Não, nem todas as pessoas picadas pelo mosquito Aedes aegypti desenvolvem os sintomas da dengue. Se o mosquito não estiver contaminado, consequentemente o indivíduo também não receberá o vírus e não terá a doença. Além disso, algumas pessoas infectadas não apresentam sintoma algum da dengue — segundo o infectologista Ésper Kallás, a medicina ainda não sabe por que isso ocorre.


Quais são os sintomas característicos da dengue?

Os sintomas mais comuns da dengue clássica incluem febre alta, dores no corpo, de cabeça, atrás dos olhos e nas articulações, além do aparecimento de manchas pelo corpo. Diferentemente do resfriado comum, a dengue não afeta o aparelho respiratório do paciente – ou seja, não provoca tosse ou coriza.


Quanto tempo leva para os sintomas aparecerem?

O período entre a picada do mosquito transmissor do vírus da dengue e o surgimento dos sintomas da doença varia entre três e treze dias, em média.


Por quantos dias os sintomas persistem?
Em geral, os sintomas duram até uma semana — exceto na forma hemorrágica da doença. Nesse caso, o tempo em que a doença persiste varia de acordo com o prognóstico de cada paciente.



Ter dengue uma vez deixa a pessoa imune a uma segunda picada?
Não. Cada pessoa pode apresentar dengue até quatro vezes, que é o número de tipos do vírus que causam a doença. Quando infectadas por um deles, as pessoas se tornam imunes a essa variedade do vírus, mas não às outras.



Por que ter dengue pela segunda vez é mais perigoso?
Ter dengue pela segunda (terceira ou quarta) vez é mais perigoso à saúde porque o risco de a doença evoluir para a forma hemorrágica se torna muito maior. Segundo a infectologista Thaís Guimarães, quando uma pessoa é contaminada novamente pelo vírus da dengue, a reação de seu sistema imunológico é muito mais agressiva e capaz de desencadear esse processo hemorrágico. "Pessoas com dengue pela primeira vez podem ter dengue hemorrágica, mas isso é muito raro", diz a médica.




Qual é a diferença entre a dengue comum e a hemorrágica?
A dengue é uma doença única. Sua forma hemorrágica ocorre quando o problema evolui de sintomas leves ou moderados, como febre e dores de cabeça, para sangramentos, que podem acontecer desde na gengiva até nos órgãos gastrointestinais. Segundo o infectologista Ésper Kallás, cerca de 1% dos casos de dengue são do tipo hemorrágico. Os sinais que podem indicar que uma pessoa está com dengue hemorrágica incluem sangramentos (na gengiva, genitais e nariz, por exemplo), vômito, dor muito forte de barriga, diarreia persistente, manchas pelo corpo e tontura.




Como a doença é tratada?
Não há um tratamento específico contra a dengue. O que existe são formas de combater os sintomas da doença – ou seja, medicamentos que atenuam as dores, as febres ou terapia intensiva para combater a hemorragia. Formas mais leves da enfermidade geralmente são tratadas com hidratação e repouso, e sintomas mais relevantes, com analgésicos e antitérmicos. A internação hospitalar é necessária em casos mais graves, com hemorragia.




Como prevenir a dengue?
Para evitar a dengue, é preciso combater o mosquito que transmite o vírus da doença. Isso inclui eliminar focos de água parada e acúmulo de lixo. O uso de repelentes e produtos químicos que evitam o inseto também ajuda.


FONTE: Veja